MPT destaca a importância do respeito à diversidade em roda de conversa sobre intolerância religiosa no ambiente de trabalho
Evento reuniu especialistas e representantes religiosos para discutir estratégias de inclusão e combate à intolerância no meio ambiente laboral.
RONDÔNIA – Em alusão ao Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa, o Ministério Público do Trabalho (MPT) em Rondônia realizou, no dia 21 de janeiro, uma roda de conversa para promover o respeito à diversidade de crenças e o combate às práticas discriminatórias no ambiente de trabalho. A data, instituída pela Lei Federal nº 11.635/2007, homenageia Mãe Gilda de Ogum, cuja trágica história simboliza a luta contra a intolerância religiosa no Brasil.
Conduzido pela Procuradora do Trabalho Camilla Holanda e acompanhado pelo Procurador-Chefe Carlos Alberto Lopes de Oliveira, o evento reforçou a importância de combater a intolerância no âmbito laboral.
A roda de conversa também buscou reforçar o papel das empresas e instituições públicas na construção de um ambiente de trabalho mais inclusivo e alinhado aos princípios constitucionais de promoção da diversidade. Segundo a Procuradora do Trabalho Camilla Holanda, o evento é apenas o início de um processo contínuo:
“Recebemos muitas denúncias que mostram que a intolerância religiosa ainda é uma realidade. Trabalhadores enfrentam situações de violência e discriminação que não deveriam existir. Esse debate é fundamental para trazer conhecimento, sensibilizar a sociedade e fomentar a inclusão no ambiente de trabalho.”
Números sobre a intolerância religiosa no Brasil
Segundo apuração realizada pela Agência Brasil, com base em dados do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC) sobre o número de denúncias de intolerância religiosa em 2024 atingiu 2.481 casos, representando um aumento de 66,8% em relação a 2023, quando foram registrados 1.481 casos. O crescimento acumulado entre 2021 e 2024 alcança impressionantes 323,29%.
De acordo com o Painel Interativo de Dados da Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos, as principais vítimas das violações de intolerância religiosa são praticantes de umbanda (151 casos), candomblé (117 casos), evangélicos (88 casos), católicos (53 casos) e espíritas (36 casos). Outras manifestações religiosas afro-brasileiras, além de praticantes do islamismo e do judaísmo, também registraram ocorrências.
A maior parte das vítimas da intolerância são as mulheres, com 1.423 casos registrados, seguidas pelos homens, com 826 registros. Os estados com os maiores índices de denúncias divulgados pela agência são: São Paulo (618), Rio de Janeiro (499) e Minas Gerais (205). Em Rondônia o número de relatos de violação envolvendo uma vítima e um suspeito foi de 169. Já o Estado do Acre foi 76.
Um espaço para a diversidade
Durante o evento promovido pelo MPT, representantes de diferentes segmentos religiosos e visões de mundo compartilharam perspectivas sobre o combate à discriminação no ambiente de trabalho.
Samara Kokama, representante dos povos indígenas, destacou:
“Esse evento nos deu a oportunidade de expor como as crenças indígenas também enfrentam discriminação. Com mais de 305 povos e uma diversidade de religiões, é essencial ampliar o conhecimento para construirmos um país mais plural e respeitoso.”
José Manoel Pires, representante católico, ressaltou:
“É importante que cada pessoa possa manifestar sua fé com tranquilidade. O respeito à crença do outro é primordial.”
Muhammad Hijazi Zaglout, juiz de direito, comentou:
“O ambiente de trabalho é uma extensão da nossa família. É essencial que exista liberdade e respeito dentro das empresas para garantir um espaço saudável e sustentável.”
Marinilde Helena da Silva Santos, representante das religiões afro-brasileiras, reforçou a necessidade de respeito à individualidade:
“Na gestão de pessoas, é indispensável respeitar as diferenças. A diversidade nos fortalece enquanto sociedade.”
Já o representante budista Pedro Wanderley dos Santos celebrou a iniciativa do MPT como um passo importante para a convivência pacífica:
“O diálogo é essencial para construirmos uma sociedade mais harmoniosa, onde a diversidade religiosa não nos divide, mas nos una.”
Aluizio Vidal Flor, representante do segmento evangélico, chamou a atenção para o respeito às minorias:
“Embora a maioria tenha seus costumes, é preciso respeitar as escolhas e a ausência de crenças das minorias. Esse é o caminho para um ambiente mais inclusivo.”
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